PARTE III – LIRA VII
Tu,
formosa Marília, já fizeste
Com teus olhos ditosas as campinas
Do turvo ribeirão em que nascestes;
Deixa, Marília, agora
As já lavradas setas:
Anda afoita a romper os grossos mares,
Anda encher de alegria estranhas terras;
Ah! por ti suspiram
Os meus saudosos lares.
Não corres como Safo sem ventura,
Em seguimento de um cruel ingrato,
Que não cede aos encantos da ternura;
Segues um fino amante,
Que a perder-te morria.
Quebra os grilhões do sangue, e vem, ó Bela;
Tu já foste no Sul a minha guia,
Ah! deves ser no Norte
Também a minha estrela.
Verás ao Deus Netuno sossegado,
Aplainar c'o tridente as crespas ondas;
Ficar como dormindo o mar salgado;
Verás, verás, d'alheta
Soprar o brando vento;
Mover-se o leme, desrinzar-se o linho:
Seguirem os delfins o movimento,
Que leva na carreira
O empavesado pinho.
Verás como o Leão na proa arfando
Converte em branca espuma as negras ondas,
Que atalha, e corta com murmúrio brando;
Verás, verás, Marília,
Da janela dourada,
Que uma comprida estrada representa
A linfa cristalina, que pisada
Pela popa que foge,
Em borbotões rebenta.
Bruto peixe verás de corpo imenso
Tornar ao torto anzol, depois de o terem
Pela rasgada boca ao ar suspenso;
Os pequenos peixinhos
Quais pássaros voarem;
De toninhas verás o mar coalhado,
Ora surgirem, ora mergulharem,
Fingindo ao longe as ondas,
Que forma o vento irado.
Com teus olhos ditosas as campinas
Do turvo ribeirão em que nascestes;
Deixa, Marília, agora
As já lavradas setas:
Anda afoita a romper os grossos mares,
Anda encher de alegria estranhas terras;
Ah! por ti suspiram
Os meus saudosos lares.
Não corres como Safo sem ventura,
Em seguimento de um cruel ingrato,
Que não cede aos encantos da ternura;
Segues um fino amante,
Que a perder-te morria.
Quebra os grilhões do sangue, e vem, ó Bela;
Tu já foste no Sul a minha guia,
Ah! deves ser no Norte
Também a minha estrela.
Verás ao Deus Netuno sossegado,
Aplainar c'o tridente as crespas ondas;
Ficar como dormindo o mar salgado;
Verás, verás, d'alheta
Soprar o brando vento;
Mover-se o leme, desrinzar-se o linho:
Seguirem os delfins o movimento,
Que leva na carreira
O empavesado pinho.
Verás como o Leão na proa arfando
Converte em branca espuma as negras ondas,
Que atalha, e corta com murmúrio brando;
Verás, verás, Marília,
Da janela dourada,
Que uma comprida estrada representa
A linfa cristalina, que pisada
Pela popa que foge,
Em borbotões rebenta.
Bruto peixe verás de corpo imenso
Tornar ao torto anzol, depois de o terem
Pela rasgada boca ao ar suspenso;
Os pequenos peixinhos
Quais pássaros voarem;
De toninhas verás o mar coalhado,
Ora surgirem, ora mergulharem,
Fingindo ao longe as ondas,
Que forma o vento irado.
Verás que o grande monstro se apresenta,
Um repuxo formando com as águas,
Que ao mar espalha da robusta venta;
Verás, enfim, Marília,
As nuvens levantadas,
Umas de cor azul, ou mais escuras,
Outras de cor-de-rosa, ou prateadas,
Fazerem no horizonte
Mil diversas figuras.
Mal chegares à foz do claro Tejo,
Apenas ele vir o teu semblante,
Dará no leme do baixel um beijo.
Eu lhe direi vaidoso:
Não trago, não, comigo,
Nem pedras de valor, nem montes d'ouro;
Roubei as áureas minas, e consigo
Trazer para os teus cofres
Este maior Tesouro.
INTERPRETAÇÃO
O
poema VII da terceira parte Tomás Antônio Gonzaga escreve a Marília para que
deixe os campos e venha até ele atravessando os mares. Ele pede a ela que
seja novamente a sua direção (segunda estrofe) e venha até ele. E quando chegar
ele irá dizer que não tem riquezas mas que traz o seu maior tesouro que em
minha opinião é o seu amor.
CARACTERÍSTICAS DO
ARCADISMO NA LIRA
Muitos
não consideram os poemas da III parte como realmente parte do livro porém, a
lira VII ainda apresenta as características do arcadismo como a linguagem
simples, a utilização das figuras mitológicas e a caracterização de um lugar
ameno onde eles irão se encontrar (locus
amoenos) que é típico dos poemas de Tomás Antonio Gonzaga.
SITUAÇÃO HISTÓRICA
Não
se tem certeza da situação histórica, mas provavelmente foi escrita depois de
seu degredo.
GLOSSÁRIO
Ditosas – que tem boa sorte, feliz, venturoso.Aplainar - Facilitar; remover dificuldades; superar obstáculos.
Aprimorar, polir, educar.Alheta - Náutica Prolongamento externo da popa do navio.
Leme - Superfície plana situada na parte traseira de um barco, ou de um avião, e que serve para dar direção.
Delfins – Espécie de asas, no segundo reforço dos antigos canhões de bronze.
Empavesado - Engalanado, enfeitado, ataviado.
Linfa - Água, principalmente, nítida, límpida ou pura.
Borbotão - Jato, jorro; cachão.
Baixel - Navio ou barco de pequeno porte; embarcação.
Débora Facundes Muniz/1º E/nº 08
Concordo com todos os tópicos feito pela aluna Débora, pois foram feitos com clareza e de forma simples.
ResponderExcluirLaura Marques Garcia
N°23 1°E
Lendo a analise da aluna Débora, percebo uma facilidade de compreender sua lira, pois a forma que foi analisada é bastante clara.
ResponderExcluirRebeca Schneider Kunzendorff/ n: 33/ 1E
A análise da aluna foi bastante esclarecedora, pois embora as liras da terceira parte do livro Marília de Dirceu não proporcionem certa facilidade em sua interpretação, a aluna soube expor muito bem suas ideias. Concordo com a análise.
ResponderExcluirJéssica Paula de Lima Nolasco. / nº 17 / 1ºE
A análise da aluna foi clara e objetiva , pois sua interpretação em todos os tópicos foram fácil de entender e compreender .
ResponderExcluirSuelen Soares / 1º E / 36
A aluna foi bastante esclarecedora e objetivo com sua análise.Assim como a aluna Jéssica comentou as lira da terceira parte do livro Marília de Dirceu não se tem uma interpretação de facilidade,mas a aluna expôs suas ideias de uma boa forma.Concordo com todos os tópicos de sua análise.
ResponderExcluirAna Caroline L.Henrique nº04 1ºE