quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Parte II - Lira XXII

Lira XXII  -  Parte II
Por morto, Marília,
Aqui me reputo:
Mil vezes escuto
O som do arrastado,
E duro grilão.

Mas, ah! que não treme
Não treme de susto
O meu coração.

A chave lá soa
No porta segura;
Abre-se a escura,
Infame masmorra
Da minha prisão.

Mas, ah! que não treme,
Não treme de susto
O meu coração.

Já o Torres se assenta;
Carrega-me o rosto;
Do crime suposto
Com mil artifícios
Indaga a razão
.
Mas, ah! que não treme,
Não treme de susto.
O meu coração.

Eu vejo, Marília,
A mil inocentes,
Nas cruzes pendentes
Por falsos delitos,
Que os homens lhes dão.

Mas, ah! que não treme,
Não treme de susto
O meu coração.

Só penso se posso
Perder o gozar-te,
E a glória de dar-te
Abraços honestos,
E beijos na mão

Marília, já treme,
Já treme de susto
O meu coração.

Repara, Marília,
O quanto é mais forte
Ainda que na morte,
Num peito esforçado,
De amor a paixão.

Marília, já treme,
Já treme de susto
O meu coração.

Interpretação: Certamente escrita da prisão, com características pré-românticas, sentindo-se injustiçado e em profunda solidão, fala da morte como seu breve futuro. Vive também as recordações e lembranças passadas.

Característica do arcadismo: As características dessa 2º parte das liras tendem para o pré-romantismo, a todo o momento a emoção rompe a estilização arcádica. Pela presença de saudade, ganha a sua poesia maior dose de individualidade e naturalidade, podendo muitas liras ser arroladas no pré-romantismo.

Característica do arcadismo na Lira 22: O arcadismo aqui não está evidenciado, pois nessa lira, escrita na prisão, tinha apenas como companhia a solidão.

Glossário:
-Reputo: Considerar; Tomar em conta; Julgar;
-Crer Delitos: Crime; Transgressão; Violação.

Situação Histórica: Essa Lira foi escrita da prisão da Ilha das Cobras. Na 2º parte de suas Liras, estão, como muitos consideram, as melhores poesias de Gonzaga. Nelas refletem a dura realidade que enfrentara, traduzindo o estado de espírito do tempo que passou na prisão que traziam doces lembranças de Marília.
     
                                                                                      Rebeca Schneider Kunzendorff./ nº:33/ 1º E 

7 comentários:

  1. A ALUNA FOI MUITO BOM NA INTERPRETAÇÃO FALANDO DE UMA ROMÂNSE NA PRISÃO QUE AGORA ELE SÓ TEM A SOLIDÃO.
    LAISCABRAL 1E N22

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  2. Eu achei a análise muito boa, esclarecedora e de fácil compreensão.
    Marcella Dias/ nº27/ 1ºE

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  3. Acredito que a situação histórica apresentada por minha colega foi boa e simples. Porém, concordo em parte com a interpretação feita por ela, ao meu ver, o eu-lírico nesta lira além de se sentir injustiçado e sozinho, busca expor a situação em que se encontra e o que vê, muitas vezes mostrando sua insatisfação com tal cena, como por exemplo na quarta estrofe quando diz "A mil inocentes,/Nas cruzes pendentes/Por falsos delitos,/ Que os homens lhe dão.", onde se mostra insatisfeito com a prisão de inocentes, que são acusados de coisas pelas quais não são responsáveis.

    Jéssica Paula de Lima Nolasco. / nº17 / 1ºE

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  4. A analise desta lira foi bem simples e muito boa, porém a interpretação da aluna não foi completa como a aluna Jessica comentou.

    Débora Facundes Muniz nº08 1ºE

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  5. Em minha opinião a interpretação da aluna foi simples.Concordo em parte,pois nessa lira Dirceu se sente injustiçado e conta a situação em que se encontra e o que vê,se sentindo insatisfeito com a prisão de inocentes.Sua situação histórica e a característica do arcadismo na lira foi bem análisada e de fácil compreensão.

    Ana Caroline L. Henrique/nº:04/1ºE

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  6. A lira analisada pela aluna foi excelente,simples porém muito bem explicada.
    Laura Marques Garcia
    1°E N°23

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  7. A análise da aluna foi simples e clara . Maia na minha opinião o autor se sente injustiçado e sozinho e por isso ele busca mostrar a situação em que se encontra .
    Suelen Soares /1ºE/36

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