Lira XIX
Nesta triste masmorra,De um semivivo corpo sepultura,
Inda, Marília, adoro
A tua formosura.
Amor na minha idéia te retrata;
Busca, extremoso, que eu assim resista
À dor imensa que me cerca e mata.
Quando em meu mal pondero,
Então mais vivamente te diviso:
Vejo o teu rosto e escuto
A tua voz e riso.
Movo ligeiro para o vulto os passos:
Eu beijo a tíbia luz em vez de face
E aperto sobre o peito em vão os braços.
Conheço a ilusão minha;
A violência da mágoa não suporto;
Foge-me a vista e caio,
Não sei se vivo ou morto.
Enternece-se Amor de estrago tanto;
Reclina-me no peito, e, com mão terna,
Me limpa os olhos do salgado pranto.
Depois que represento
Por largo espaço a imagem de um defunto,
Movo os membros, suspiro,
E onde estou pergunto.
Conheço então que Amor me tem consigo;
Ergo a cabeça, que inda mal sustento,
E com doente voz assim lhe digo:
“Se queres ser piedoso,
Procura o sítio em que Marília mora,
Pinta-lhe o meu estrago,
E vê, Amor, se chora.
Se a lágrimas verter a dor a arrasta
Uma delas me traze sobre as penas,
E para alívio meu só isto basta.”
Interpretação:
A Lira XIX retrata um fragmento de um amor que não pôde ser concretizado, onde nesta fase, o eu lírico encontra-se preso e distante de sua amada. Neste, o poeta declara sua dor, suas tristezas, angústias, sentimento de abandono e melancolias causadas pela árdua saudade que sente de Marília. Pode-se notar que Dirceu se encontra a deriva de suas forças, pois a dor que sente está consumindo sua vontade de viver, porém ao passo que suas vitalidades vão se esgotando, estas são recobradas, através do Amor que o estimula a viver e enfrentar a situação existente.Características do arcadismo na lira:
As principais características do arcadismo são a simplicidade da linguagem no contexto geral, frases na ordem direta e ausência quase total de figuras de linguagem, porém o poeta utiliza-se de algumas figuras como no caso da prosopopéia em alguns versos, quando atribui capacidades ao Amor que somente a um ser vivo poderiam ser atribuídas.Glossário:
Masmorra: Prisão subterrânea.Semivivo: Quase sem vida.
Sepultura: Túmulo.
Vulto: Sombra, figura.
Enternecer: Comover; sensibilizar.
Pranto: Lamentação; choro.
Verter: Fazer correr; derramar.
Situação Histórica:
A 2ª parte foi escrita na prisão, os poemas exprimem a solidão de Dirceu. Entende-se aqui que as características pré-românticas estão mais presentes. O sentimento de injustiça, solidão, da saudade de Marília, o temor do futuro e a perspectiva da morte rompem constantemente o equilíbrio clássico. O tom de pessimismo prenunciam o emocionalismo romântico. Nesta parte das liras, há o emprego do verbo no passado: o poeta vive de lembranças e recordações passadas.Marcella Dias Dos Santos/ nº27/ 1ºE
muito bom a caracteristícas do arcadismo deu pra intender muito bem, que ele fala tudo direto na ausência de marília.
ResponderExcluirlais cabral 1e n22
A analise feita pela aluna Marcella está facil de compreender todos os tópicos.
ResponderExcluirRebeca Schneider kunzendorff. / n°33/ 1°E
A análise da aluna Marcella foi muito boa e de grande conhecimento. Concordo com a interpretação e a situação histórica.
ResponderExcluirDébora Facundes nº08 1ºE
A análise da aluna foi de grande conhecimento e de fácil entendimento.Concordo,pois Dirceu declara sua dor, suas tristezas, angústias e sentimento de abandono nesta lira.
ResponderExcluirAna Caroline L. Henrique /nº04/1ºE
Concordo com a aluna Marcella , pois a análise foi de fácil entendimento .
ResponderExcluirSuelen Soares/1ºE/36
Concordo com tudo que foi explicado, e analisado pela aluna.
ResponderExcluirLaura Marques Garcia
1°E N°23
Gostei da interpretação e características do Arcadismo apresentadas, porém acho que a aluna em sua situação histórica poderia ter dado mais foco para a lira em questão. Porém, como já foi dito a análise como um todo foi muito boa.
ResponderExcluirJéssica Paula de Lima Nolasco./ nº17/ 1ºE