LIRA XVI
Vejo, Marília,
Que o nédio gado
Anda disperso
No monte, e prado;
Que assim sucede
Ao desgraçado,
Que a perder chega
O seu Pastor.
Mas inda sofro
A viva dor.
Também conheço,
Que os Pegureiros,
Que apascentavam
Os meus cordeiros,
Dão suspiros,
E verdadeiros,
Porque perderam
Um pai no amor.
Mas inda sofro
A viva dor.
Eu mais alcanço,
Que a minha herdade,
Estando eu preso,
Sofrer não há de
Nem a charrua,
E nem a grade;
Que a mão lhe falta
Do Lavrador.
Mas inda sofro
A viva dor.
Mas quando sobe
À minha idéia,
Que tu ficaste
Lá nessa aldeia,
De mil cuidados
E mágoa cheia,
Das paixões minhas
Não sou senhor.
Eu já não sofro
A viva dor.
A quanto chega
A pena forte!
Pesa-me a vida,
Desejo a morte,
A Jove acuso,
Maldigo a sorte,
Trato a Cupido
Por um traidor.
Eu já não sofro
A viva dor.
Mas este excesso
Perdão merece,
E dele Jove
Compadece:
Que Jove, ó Bela,
Mui bem conhece,
Aonde chega
Paixão de amor.
Eu já não sofro
A viva dor.
INTERPRETAÇÃO
Este poema, em minha opinião é um desabafo de Tomás Antonio
Gonzaga, onde ele retrata as suas terras e seus trabalhadores que lá ficaram
sem o seu senhor. Além de mencionar a saudade que sente de Marília e de culpar
o Cupido e Jove por isso. E ele sofre por tudo isso e pelo fato de não ter sua
amada por perto.
CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO NA LIRA
Como sabemos, as características do arcadismo são a
linguagem simples, a exaltação da natureza, o bucolismo, a igualdade, a mudança
de nomes no poema e etc... Na lira XVI encontramos as seguintes
características: a linguagem de fácil compreensão e se estende até o
pré-romantismo.
SITUAÇÃO HISTÓRICA
Nesta II parte de livro Marília de Dirceu, Tomás Antônio
Gonzaga está preso por estar envolvido na Inconfidência Mineira. Ele está
sofrendo e neste tempo na prisão ele faz poemas se referindo a Marília, a
saudade que sente da moça e a dor de estar aprisionado.
GLOSSÁRIO
Nédio – brilhante, nítido;
Prado – campo coberto de plantas forraginosas;
Pegureiro – guardador de gado;
Herdade - fazenda;
Charrua - Peça de metal (ferro) aplicada numa estrutura de madeira
(arado) para lavrar/arar
a terra.
Débora Facundes/ 1ºE/ nº 08
A análise foi ótima, de fácil compreensão. E a situação histórica foi muito bem analisada.
ResponderExcluirMarcella Dias/ nº27/ 1ºE
verdade muito bom a análise da aluna dar pra compreender bem a interpretação.
ResponderExcluirlais cabral 1e n22
Meninas senti dificuldade na Característica do Arcadismo. Se alguma de vocês poder me esclarecer ou me falar se está certo ou não a minha postagem. Desde já agradeço.
ResponderExcluirDébora Facundes nº08 1ºE
A aluna Débora fez uma ótima análise,só tenho as dúvidas se ele retrata as suas terras e seus trabalhadores que lá ficaram com seu senhor ou ele retrata a Marília ,que ficou a mil cuidados e de mágoa cheia.
ResponderExcluirAna Caroline L.Henrique/nº:04/1ºE
Ana Caroline, na lira, Tomas Antônio Gonzaga relata seus trabalhadores e Marília também.
ResponderExcluirDébora Facundes Muniz nº08 1ºE
Apesar de a aluna Débora sentir dificuldade nas Características do Arcadismo,
ResponderExcluireu achei muito boa sua analise. E quanto a interpretação, está tão boa quanto.
Rebeca Schneider Kunzendorff. / n°33/ 1°E
Concordo com minha colega , acho que realmente o autor Tomás retrata a solidão por estar longe de sua amada .
ResponderExcluirSuelen Soares/1ºE/36
Em minha opinião a lira analisada por Débora,foi bem explicada e concordo que Tomás mostra sentir solidão pelo fato de estar longe de Marília, como foi citado pela aluna Suelen.
ResponderExcluirLaura Marques Garcia
1°E N°23
Embora tenha revelado dificuldades nas características arcádicas na lira, concordo com você, a única característica fortemente arcádica é a simplicidade na linguagem, que como você mesma disse se estende até o pré-romantismo. Concordo plenamente com a situação histórica e a interpretação apresentadas.
ResponderExcluirJéssica Paula de Lima Nolasco./ nº17/ 1ºE