Soneto 4

Soneto 4

Ainda que de Laura esteja ausente,
Há de a chama durar no peito amante;
Que existe retratado o seu semblante,
Se não nos olhos meus, na minha mente.

Mil vezes finjo vê-la, e eternamente
Abraço a sombra vã; só neste instante
Conheço que ela está de mim distante,
Que tudo é ilusão que esta alma sente
.
Talvez que ao bem de a ver amor resista;
Porque minha paixão, que aos céus é grata,
Por inocente assim melhor persista;

Pois quando só na idéia ma retrata,
Debuxa os dotes com que prende, vista,
Esconde as obras com que ofende, ingrata.

Interpretação:

 Neste soneto o eu lírico relata que não tem mais sua amada e que sente a falta dela.Dirceu fala que lembra da face de Laura como um retrato,mesmo que não nos olhos,mas sim na mente.Diversas vezes pensa está vendo sua amada,e se pega abraçando um vazio em meio ao nada e só nesse instante percebe que ali ela não está.Tudo é apenas uma ilusão,coisas da sua cabeça.Agradece a Deus pela paixão que tem, mas ela se foi sem dar valor algum.

Característica do arcadismo no soneto:

 O soneto tem poucas características do arcadismo, mas apresenta a de linguagem simples e de fácil entendimento.

Situação histórica:

 Não se tem certeza sobre a situação histórica do soneto,mas acredita-se que possa ter sido escrito após o seu degredo.

Glossário:

Semblante - Aparência, aspecto.

Ilusão-Engano do sentimento ou pensamento.

Persista-Perseverar.

Debuxa-Descrever.

Dotes-Qualidades.

Ofende-Escandalizar.

                                                                                      Ana Caroline L.Henrique/1º E/nº04