Lira IX
Chegou-se o dia mais triste
que o dia da morte feia;
caí do trono, Dircéia,
do trono dos braços teus,
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Ímpio Fado, que não pôde
os doces laços quebrar-me,
por vingança quer levar-me
distante dos olhos teus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Parto, enfim, e vou sem ver-te,
que neste fatal instante
há de ser o teu semblante
mui funesto aos olhos meus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
E crês, Dircéia, que devem
ver meus olhos penduradas
tristes lágrimas salgadas
correrem dos olhos teus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
De teus olhos engraçados,
que puderam, piedosos,
de tristes em venturosos
converter os dias meus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Desses teus olhos divinos,
que, terno e sossegados,
enchem de flores os prados
enchem de luzes os céus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Destes teus olhos, enfim,
que domam tigres valentes,
que nem rígidas serpentes
resistem aos tiros seus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Da maneira que seriam
em não ver-te criminosos,
enquanto foram ditosos,
agora seriam réus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Parto, enfim, Dircéia bela,
rasgando os ares cinzentos;
virão nas asas dos ventos
buscar-te os suspiros meus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Talvez, Dircéia adorada,
que os duros fados me neguem
a glória de que eles cheguem
aos ternos ouvidos teus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Mas se ditosos chegarem,
pois os solto a teu respeito,
dá-lhes abrigo no peito,
junta-os cos suspiros teus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
E quando tornar a ver-te,
ajuntando rosto a rosto,
entre os que dermos de gosto,
restitui-me então os meus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
caí do trono, Dircéia,
do trono dos braços teus,
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Ímpio Fado, que não pôde
os doces laços quebrar-me,
por vingança quer levar-me
distante dos olhos teus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Parto, enfim, e vou sem ver-te,
que neste fatal instante
há de ser o teu semblante
mui funesto aos olhos meus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
E crês, Dircéia, que devem
ver meus olhos penduradas
tristes lágrimas salgadas
correrem dos olhos teus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
De teus olhos engraçados,
que puderam, piedosos,
de tristes em venturosos
converter os dias meus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Desses teus olhos divinos,
que, terno e sossegados,
enchem de flores os prados
enchem de luzes os céus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Destes teus olhos, enfim,
que domam tigres valentes,
que nem rígidas serpentes
resistem aos tiros seus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Da maneira que seriam
em não ver-te criminosos,
enquanto foram ditosos,
agora seriam réus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Parto, enfim, Dircéia bela,
rasgando os ares cinzentos;
virão nas asas dos ventos
buscar-te os suspiros meus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Talvez, Dircéia adorada,
que os duros fados me neguem
a glória de que eles cheguem
aos ternos ouvidos teus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Mas se ditosos chegarem,
pois os solto a teu respeito,
dá-lhes abrigo no peito,
junta-os cos suspiros teus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
E quando tornar a ver-te,
ajuntando rosto a rosto,
entre os que dermos de gosto,
restitui-me então os meus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!
Interpretação:
Nesta lira Dirceu se vê
no risco constante de sofrer queda fatal do alto do ombro desse gigante – neste particular, “do trono dos braços
seus”. Deste modo, a introdução da figura
de Marília elevada ao estado sublime, funciona sobre o leitor como um fator de
surpresa: pela submissão, a necessidade de amparo da mulher.
Dirceu demonstra que nada vai apagar o que viveram e que ninguém quebrará os
laços que construiram. E no final
vemos a promessa que um dia eles se reencontrarão, mas enquanto isso ele pede
que Marília guarde no peito as lembranças dele, assim como ele guardará
sempre as dela.
Característica do arcadismo na lira:
As
principais características do arcadismo na lira são a idealização da
mulher amada e a simplicidade da linguagem no contexto geral. Há também presença do locus amoenus (lugar ameno).
Glossário:
Ímpio: Que não tem fé; incrédulo.
Fado: Destino; acaso.
Funesto: Fatal; mortal; letal.
Situação Histórica:
A terceira
parte foi escrita possivelmente depois da prisão. Ele aborta sobre a desilusão,
despedida de Marília, desenganos, traições, amores, que inclusive não são
mais dedicados somente a Marília, que já não aparece com tanta frequência. Essa
parte parece evidenciar uma tentativa (ou não) de superação por parte de
Dirceu. Alguns críticos contestam a autenticidade dessa última parte.
Marcella Dias Dos Santos/ nº27/ 1ºE
Compreendi perfeitamente a análise feita pela colega, mas acho que no tópico : características do arcadismo da lira poderia ter mais detalhes.
ResponderExcluirLaura Marques Garcia
N°23 1°E
A analise feita pela aluna foi boa. Concordo com a interpretação e toda a analise em si.
ResponderExcluirRebeca Schneider Kunzendorff/ n:33/ 1E
Concordo com a interpretação, pois além de ter sido bem desenvolvida foi detalhada, o que facilitou o entendimento. As características poderiam ter sido melhor explicadas, mas deu para entender.
ResponderExcluirJéssica Paula de Lima Nolasco. / nº17 / 1ºE
A análise feita pela aluna foi boa , acho que ela soube interpretar perfeitamente a lira .
ResponderExcluirSuelen Soares / 1° E / 36
A análise da aluna Marcela foi de grande conhecimento, concordo com a interpretação porém,a características do arcadismo foram pouco detalhadas.
ResponderExcluirDébora Facundes nº08 1ºE
Análise de grande conhecimento,pois foi bem desenvolvida e detalhada,o que facilita o entendimento do leitor,mas sua característica do arcadismo poderia ter sido explicada de uma melhor forma.
ResponderExcluirAna Caroline L.Henrique n°04 1ºE